E se, no dia mais importante do seu negócio, a tecnologia que você mais confia simplesmente parasse de funcionar?
Essa é a provocação que me veio à cabeça após assistir a uma cena marcante da série Unicórnio Implacável (Mad Unicorn), que acompanha a jornada de Santi, fundador da Thunder Express — a primeira startup com status de unicórnio no setor logístico da Tailândia.
A cena: crise no auge da operação
No episódio, Santi enfrenta o maior teste de sua empresa: o atendimento de um importante varejista, que está avaliando a Thunder Express frente a seus concorrentes no dia de maior volume do ano — uma espécie de Black Friday local.
Tudo foi cuidadosamente preparado: equipe ajustada, sistema otimizado e, principalmente, a esteira automatizada de triagem inteligente, responsável por classificar milhares de pacotes por localidade.
Mas um ato de sabotagem muda tudo. Uma colaboradora, aliciada por um concorrente, desativa o sistema automatizado — e a operação para.
Conhecimento operacional como vantagem competitiva
O que se segue é um exemplo de liderança em tempos de crise.
Santi, que domina toda a cadeia logística de seu negócio, age rápido. Contrata emergencialmente centenas de pessoas para realizar a triagem manualmente e mantém a operação ativa, evitando não apenas perder a concorrência por falta das entregas, mas um dano irreparável à reputação da Thunder Express perante seus clientes que aguardam ansiosamente por suas compras no dia seguinte.
IA nos negócios: meio ou fim?
Essa cena me fez refletir sobre a crescente dependência da inteligência artificial nos processos empresariais.
Seja em triagens logísticas, atendimento ao cliente ou análises preditivas, estamos delegando funções cada vez mais críticas à IA.
Mas o que acontece quando esse sistema falha da noite para o dia?
Todo processo automatizado precisa de um plano de contingência.
Se a operação depende da IA para continuar funcionando, então é essencial que esse risco esteja mapeado — de preferência no topo da sua matriz de risco operacional.
Contingência: uma estratégia negligenciada
Muitas empresas tratam a adoção da IA como uma solução final. Mas a verdade é que ela deve ser vista como um meio de entregar melhores resultados — nunca como a finalidade em si.
A entrega ao cliente continua sendo o centro de qualquer negócio.
E garantir essa entrega, mesmo diante de falhas tecnológicas, é o que separa empresas resilientes de negócios vulneráveis.
Em resumo
- A IA pode falhar — e falhará.
- Processos críticos precisam de planos B claros e acionáveis.
- Quanto maior a importância do processo, mais cedo o plano de contingência deve estar definido.
- Liderança operacional continua sendo um diferencial estratégico, mesmo na era da automação.
Se esse tema te fez pensar, cumpri meu papel como advisor estratégico.